março.2023

O trabalho de cuidados na família é majoritariamente feminino e parental

A maior participação das mulheres no mercado de trabalho, associada às mudanças demográficas recentes, apesar de alterar os arranjos familiares, não mudou substancialmente o fato de que o trabalho de cuidados ainda é relacionado ao papel das mulheres na sociedade. A mulher ainda é a principal responsável pelos cuidados da casa, dos filhos, idosos e enfermos.

Em 2021, 42% das famílias do Estado de São Paulo tinha algum membro que necessitava de cuidados. Entre essas famílias, 37% tinham enfermos de 6 a 59 anos, 29% possuíam idosos de 71 anos e mais, mesma proporção daqueles de 60 a 70 anos, 24% contavam com crianças de até cinco anos e em 13% havia presença de pessoas com deficiência1 entre 6 e 59 anos.

Nas famílias com crianças de até cinco anos, 100% tinham cuidador, sendo que nas demais esse percentual não ultrapassava 30%. A idade mais avançada não aumenta a proporção de cuidadores, uma vez que é praticamente igual entre famílias com idosos de 60 a 70 anos (19%) e com aqueles de 71 anos e mais (20%).

A maior parte dos cuidadores era composta por pessoas da família, sendo pequena a parcela de babás, cuidadores e empregadas domésticas (7%).

Gráfico 1 – Proporção das famílias com morador com necessidades de cuidados especiais, por grupos selecionados

Estado de São Paulo, 2021, em %

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Cuidados no Domicílio.
(1) Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno do comportamento, de forma permanente e com limitações.
(2) Pessoas enfermas de 6 a 59 anos com doenças crônicas, sequelas de AVC, acidentes, traumas, violência e enfermidades decorrentes da Covid-19, entre outras que necessitem de cuidados especiais.

Gráfico 2- Proporção das famílias com morador com necessidades de cuidados especiais que possuem cuidador, por grupos selecionados

Estado de São Paulo, 2021, em %

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Cuidados no Domicílio.
(1) Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno do comportamento, de forma permanente e com limitações.
(2) Pessoas de 6 a 59 anos com doenças crônicas, sequelas de AVC, acidentes, traumas, violência e enfermidades decorrentes da Covid-19, entre outras que necessitem de cuidados especiais.

90% dos cuidadores são mulheres

A maior parte dos cuidados na família está sob responsabilidade de mulheres (90%), sendo que 90% delas são parentes e residentes no domicílio.

Entre os cuidadores de crianças de até cinco anos, o percentual de mulheres atingiu 95%, com 94% sendo parentes que residem no domicílio. Os cuidadores de deficientes compunham o segundo contingente com maior proporção de mulheres (90%), o mesmo ocorrendo com a parcela de cuidadores parentes e que residem no domicílio (93%). Os cuidadores dos enfermos também eram majoritariamente mulheres (84%) e parentes residentes no domicílio (88%).

Gráfico 3 − Proporção de cuidadores, por perfil, segundo grupos selecionados

Estado de São Paulo, 2021, em %

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Cuidados no Domicílio.
(1) Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno do comportamento, de forma permanente e com limitações.
(2) Pessoas de 6 a 59 anos com doenças crônicas, sequelas de AVC, acidentes, traumas, violência e enfermidades decorrentes da Covid-19, entre outras que necessitem de cuidados especiais.

Entre os idosos, nas famílias com pessoas de até 70 anos, as mulheres representavam 73% dos cuidadores e 82% eram parentes residentes no domicílio. Já entre os idosos com 71 anos e mais, é maior a proporção de mulheres no trabalho de cuidado (84%) e menor em relação ao parentesco (72%).

A parcela de cuidadores que tinham sob sua responsabilidade mais de uma pessoa varia entre 15% e 26%, com os maiores percentuais observados entre os cuidadores de enfermos e de idosos de até 70 anos.

44% dos cuidadores parentes que residem no domicílio também eram responsáveis pelos afazeres domésticos

Quase metade dos cuidadores (44%) também era responsável pelos afazeres domésticos. Conciliavam os cuidados com o trabalho no próprio domicílio de forma remunerada 16% dos cuidadores, 12% trabalhavam fora do domicílio e 14% estavam sem trabalho.

Entre os cuidadores de crianças de até cinco anos, 43% conciliavam o trabalho de cuidado das crianças com os afazeres domésticos, 18% trabalhavam na própria residência de forma remunerada e 18% estavam sem trabalho. Os cuidadores que trabalhavam fora do domicílio perfaziam 15%.

Mais da metade dos cuidadores de enfermos também eram os principais responsáveis pelos afazeres domésticos (52%), 21% estavam aposentadas ou não trabalhavam nem procuravam trabalho e 5% encontravam-se sem trabalho. Trabalhavam no domicílio de forma remunerada 12% e as que exerciam atividades remuneradas fora do domicílio eram 9%.

A parcela de cuidadores de pessoas com deficiência era constituída principalmente por mulheres que cuidavam dos afazeres domésticos (59%) e, em menor proporção, por aposentadas e pessoas que não trabalhavam e não estavam à procura de trabalho (١٨٪). Ainda, 9% trabalhavam no domicílio de forma remunerada, 3% exerciam atividades remuneradas fora do domicílio e 10% estavam sem trabalho.

Entre os cuidadores de idosos, a maior parcela não trabalhava e não procurava trabalho: 45% para aqueles de até 70 anos e 37% para os de 71 anos e mais.

Gráfico 4 − Distribuição dos cuidadores parentes que residem no domicílio, por grupos selecionados, segundo condição de trabalho

Estado de São Paulo, 2021, em %

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Cuidados no Domicílio.
(1) Incluem estudantes, aposentados e pessoas que não trabalham e não procuravam trabalho.
(2) Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno do comportamento, de forma permanente e com limitações.
(3) Pessoas de 6 a 59 anos com doenças crônicas, sequelas de AVC, acidentes, traumas, violência e enfermidades decorrentes da Covid-19, entre outras que necessitem de cuidados especiais.

Cuidadores de idosos são mais velhos

A maioria dos cuidadores possuía entre 30 e 59 anos (63%). Os cuidadores de crianças com até cinco anos eram mais jovens, com 95% com menos de 60 anos e 20% com menos de 30 anos.

Já os cuidadores de idosos eram mais velhos, com 46% tendo mais de 60 anos nas famílias com idosos de até 70 anos que precisavam de cuidados e 40% naquelas com idosos de 71 anos e mais.

Gráfico 5 − Distribuição dos cuidadores, por grupos selecionados, segundo faixa etária

Estado de São Paulo, 2021, em %

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Cuidados no Domicílio.
(1) Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno do comportamento, de forma permanente e com limitações.
(2) Pessoas de 6 a 59 anos com doenças crônicas, sequelas de AVC, acidentes, traumas, violência e enfermidades decorrentes da Covid-19, entre outras que necessitem de cuidados especiais.

Do total de cuidadores, 7% foram contratados, sendo a maior parte (94%) diretamente pelos moradores do domicílio. A contratação por cooperativa ou agência corresponde a cerca de 5%, e 32% possuíam curso relacionado aos cuidados ou à área de saúde.

Gráfico 6 − Proporção de cuidadores contratados, por grupos selecionados, segundo forma de contratação e cursos relacionados à atividade

Estado de São Paulo, 2021, em %

Fonte: Fundação Seade. Pesquisa Cuidados no Domicílio.
(1) Pessoas com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno do comportamento, de forma permanente e com limitações.
(2) Pessoas de 6 a 59 anos com doenças crônicas, sequelas de AVC, acidentes, traumas, violência e enfermidades decorrentes da Covid-19, entre outras que necessitem de cuidados especiais.

 

Nota
1. A Pesquisa Cuidados no Domicílio optou por um critério mais restrito ao da Organização Mundial da Saúde, ao perguntar aos entrevistados se havia alguém no domicílio com deficiência física, auditiva, visual, intelectual ou transtorno de comportamento, que fosse permanente e gerasse forte limitação para o desempenho de alguma função ou atividade.

 

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